LIBERALISMO ECONÔMICO
A ECONOMIA POLÍTICA ENTRA EM CENA
Na segunda metade do século XVIII, o sistema econômico passa por uma transformação nunca vista. As mudanças são de tal ordem que, por analogia à Revolução Francesa, ficariam conhecidas como “revolução industrial”. Esse processo torna-se tão associado à introdução de máquinas nas indústrias que acaba simbolizado pela máquina a vapor, inventada pelo escocês James Watt, em 1769.
No setor têxtil, os engenhos também entram em cena. John Kay inventa a lançadeira volante em 1733; a escassez de fios, em conseqüência do aumento da produção de tecidos, é compensada pela criação de máquinas de fiar, como a spinning jenny (de James Hargreaves, 1764) e a mule-jenny (de Samuel Crompton, 1799). Também é decisiva a construção do tear mecânico por Edmund Cartwright, em 1785.
Tantas inovações levam o setor têxtil inglês – constituído basicamente de indústrias de tecidos de algodão – a aumentar suas exportações em mais de dez vezes entre 1750 e 1769. Nas primeiras décadas do século XIX, ele já é responsável por cerca de metade do valor total das exportações inglesas.
Outro setor que conhece um desenvolvimento de monta é a indústria de base. Na Inglaterra, a extração de carvão, empregando máquinas a vapor, representa, em 1880, cerca de 90% da produção mundial. A siderurgia e a metalurgia do ferro – essenciais nessa era da maquinaria – desenvolvem-se desde o início do século XVIII, incorporando novas soluções técnicas, como a fundição à base do coque, extraído do carvão mineral, associando intimamente esta indústria ao setor carbonífero. A ferrovia – que teve sua primeira linha regular, entre Liverpool e Manchester, instalada em 1830 – é como a síntese dessas duas indústrias: não apenas transporta carvão e ferro (além de outras mercadorias e passageiros), como também suas locomotivas, movidas a máquina a vapor, alimentam-se de carvão e são construídas de ferro.
A Revolução Industrial, porém, não se resume às máquinas. Por um lado, elas são fundamentais, porque permitem superar a relação homem/natureza – cujo limite é a própria força física do homem. As máquinas tornam possível a transformação da natureza em proporções muito superiores a que um homem, com suas próprias mãos, é capaz de realizar. Entretanto, até certo ponto, essa superação já vinha acontecendo. Exemplo disso é a divisão do trabalho, responsável pelo aumento da produção.
O escocês Adam Smith (1723-1790) é um dos primeiros a investigar esses acontecimentos. Por isso, é considerado um dos fundadores da economia política. Ela se refere a fatos que, embora não tenham sido ignorados por filósofos – Hegel era um leitor atento de Smith -, raramente haviam sido analisados em tantos detalhes.
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