O CONVITE À KARDEC PARA PARTICIPAR DA POLÍTICA
O amigo chegou em sigilo.
Escolhera horas noturnas para que o encontro não se tornasse público.
- Convido-te, oficialmente, para ingressares em nossa Sociedade.
Kardec o ouvia atencioso.
- As tuas atividades libertárias, a par de tua moral ilibada, justificam por si o nosso convite.
E terminou:
- Sabes que terás a nossa proteção.
Após deixar que o visitante desdobrasse o convite que lhe fazia, o mestre lionês respondeu delicadamente.
- Honras-me, com tal convite.
E entredemonstrando absoluto respeito pelas atividades desenvolvidas por aquela Sociedade, expôs com brevidade:
- A História muito vos deve. Movimentos respeitáveis e justos nasceram de vossas assembleias, beneficiando coletividades inteiras.
Uma breve pausa.
- Sei, porém, que o Mestre Divino, que nos governa, envia seus Emissários a todos os departamentos sagrados da Terra. Há, pois, entre os vossos pares, aqueles que vieram do Mais Alto.
- Então... é perfeito para ti!
- A mim, contudo, o Senhor me delegou a tarefa do Consolador. Neste campo, os colaboradores ativos são em número reduzido. Afastar a qualquer deles das tarefas que lhes são próprias, para assumirem responsabilidades que lhes são estranhas a seu programa de vida, seria desvestir a Doutrina Espírita de obreiros. Por outro lado, seria desajustá-los por remetê-los a áreas que não lhes são as de suas tarefas com Jesus.
- Mas... e a nossa proteção contra as campanhas difamatórias que sofres? Não te apraz que te preservemos?
O Codificador sorriu e falou singelo:
- Em Jesus tenho a minha defesa! A Luz, embora insultada pelas sombras, não será vencida.
O amigo foi quase irônico:
- És um visionário!
- Vivo a visão de um mundo novo, pela caridade.
Apertando a mão de Kardec em despedida, o amigo complementa:
- É uma pena! Teu Mestre, no entanto, há de estar satisfeito contigo, que perseveras apesar das intempéries. O certo é que deixo de conquistar um nobre irmão. A Humanidade, porém, ganha um grande Homem!
E Kardec prosseguiu em sua missão
