22/03/2015
OBSESSÃO: PALAVRAS DE KARDEC E EMMANUEL
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OBSESSÃO – PALAVRAS DE KARDEC
REVISTA ESPÍRITA – DEZEMBRO DE1862
CAUSAS DA OBSESSÃO E MEIOS DE COMBATE
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Antes de esperar dominar os maus Espíritos, é preciso dominar-se a si mesmo.
Certas pessoas preferem, sem dúvida, uma receita mais fácil para afastar os maus Espíritos: algumas palavras a dizer ou alguns sinais a fazer, por exemplo, o que seria mais cômodo do que se corrigir de seus defeitos. Lamentamos, mas não conhecemos nenhum outro procedimento mais eficaz para vencer um inimigo do que ser mais forte do que ele. Quando se está doente, é preciso se resignar a tomar um remédio, por mais amargo que ele seja; mas também, quando se teve a coragem de o tomar, como a gente se sente bem, e como se fica forte! É preciso, pois, se persuadir de que não há, para alcançar esse objetivo, nem palavras sacramentais, nem fórmulas, nem talismãs, nem quaisquer sinais materiais. Os maus Espíritos disso se riem e, às vezes, gostam de indicar alguns, que dizem infalíveis, para melhor captar a confiança daqueles de quem abusam, porque, então, estes confiantes na virtude do processo, entregam-se sem medo.
Antes de esperar dominar os maus Espíritos, é preciso dominar-se a si mesmo. De todos os meios de adquirir a força para a isso chegar, o mais eficaz é a vontade secundada pela prece, entendida a prece de coração, e não aquelas nas quais a boca participa mais que o pensamento. É preciso pedir a seu anjo guardião e aos bons Espíritos que nos assistam na luta; mas não basta lhes pedir para expulsarem os maus Espíritos, é preciso se lembrar desta máxima: Ajuda-te, e o céu te ajudará, e pedir-lhes sobretudo a força que nos falta para vencer essas más inclinações, que são para nós pior que os maus Espíritos, porque são essas inclinações que os atraem, como a podridão atrai as aves de rapina. Orando também pelo Espírito obsessor, pagamos com o bem pelo mal, mostrando-nos melhor que ele, o que já é uma superioridade. Com a perseverança, acaba-se, na maioria dos casos, por levá-lo a melhores sentimentos, transformando o obsessor em reconhecido.
Em resumo, a prece fervorosa e os esforços sérios para se melhorar, são os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem como senhores aqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas os fazem rir; a cólera e a impaciência os excitam. É preciso cansá-los mostrando-se mais pacientes.
Quando a intervenção de um terceiro se torna necessária
Mas ocorre, algumas vezes, que a subjugação chega ao ponto de paralisar a vontade do obsedado, e que deste não se pode esperar nenhum concurso valioso. É então, sobretudo, que a intervenção de um terceiro se torna necessária, seja pela prece, seja pela ação magnética; mas o poder dessa intervenção depende também do ascendente moral que o interventor possa ter sobre os Espíritos; porque, se não valer mais, sua ação é estéril. A ação magnética, nesse caso, tem por efeito penetrar o fluido do obsedado de um fluido melhor, e desprender o fluido do Espírito mau; ao operar, deve o magnetizador ter o duplo objetivo de opor uma força moral a outra força moral e produzir sobre o paciente uma espécie de reação química, para nos servir de uma comparação material, expulsando um fluido por um outro fluido. Assim, não só opera um desprendimento salutar, mas dá força aos órgãos enfraquecidos por uma longa e, por vezes, vigorosa dominação. Aliás, compreende-se que o poder da ação fluídica não só está na razão da força da vontade, mas sobretudo da qualidade do fluido introduzido e, segundo o que dissemos, essa qualidade depende da instrução e das qualidades morais do magnetizador; de onde se segue que o magnetizador comum, que agisse maquinalmente para magnetizar pura e simplesmente, produziria pouco ou nenhum efeito; é de toda necessidade um magnetizador Espírita, que age com conhecimento de causa, com a intenção de produzir, não o sonambulismo ou uma cura orgânica, mas os efeitos que acabamos de descrever. Além disso, é evidente que uma ação magnética dirigida neste sentido não deixa de ser útil nos casos de obsessão ordinária, porque então, se o magnetizador for secundado pela vontade do obsedado, o Espírito será combatido por dois adversários, em vez de por um só.
Frequentemente a criatura obsedada é seu próprio obsessor
É preciso dizer, também, que se culpa frequentemente os Espíritos estranhos por maldades das quais não são responsáveis; certos estados doentios e certas aberrações que se atribuem a uma causa oculta, às vezes deve-se simplesmente ao próprio indivíduo. As contrariedades, que o mais comumente concentram-se em si mesmo, os desgostos amorosos sobretudo, fizeram cometer muitos atos excêntricos que seriam erradamente levados à conta da obsessão. Frequentemente a criatura é seu próprio obsessor.
Acrescentamos, enfim, que certas obsessões tenazes, sobretudo nas pessoas de mérito, algumas vezes, fazem partes das provas às quais estão submetidas. "Ocorre mesmo, algumas vezes, que a obsessão, quando simples, seja uma tarefa imposta ao obsedado, que deve trabalhar para melhorar o obsessor, como um pai à de um filho vicioso."
Enviamos, para mais detalhes, ao O Livro dos Médiuns.
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OBSESSÃO – PALAVRAS DE EMMANUEL
LIVRO: PENSAMENTO E VIDA
Observando-se a mediunidade como sintonia, a obsessão é o equilíbrio de forças inferiores, retratando-se entre si.
Fenômeno de reflexão pura e simples, não ocorre tão-somente dos chamados mortos para os chamados vivos, porque, na esséncia, muita vez aparece entre os próprios Espíritos encarnados a se subjugarem reciprocamente pelos fios invisíveis da sugestão.
A mente que se dirige a outra cria imagens para fazer-se notada e compreendida, prescindindo da palavra e da ação para insinuar-se, porqüanto, ambientando a repetição, atinge o objetivo que demanda, projetando-se sobre aquela que procura influenciar. E, se a mente visada sintoniza com a onda criadora lançada sobre ela, inicia-se vivo circuito de força, dentro do qual a palavra e a ação se incumbem de consolidar a correspondência, formando o círculo de encantamento em que o obsessor e o obsidiado passam a viver, agindo e reagindo um sobre o outro.
Não há, por isto, obsessão unilateral. Toda ocorrência desta espécie se nutre à base de intercâmbio mais ou menos completo. Quanto mais sustentadas as imagens inferiores de um Espírito para outro, em regime de permuta constante, mais profundo o poder da obsessão, de vez que se afastam da justa realidade para o circuito de sombra em que entregam a mútuo fascínio.
É o mesmo que se verifica com a pedra quando em serviço de gravação. Quanto mais repetida a passagem do buril, mais entranhado o sulco destinado a perpetuar a minudência da imagem.
Lembremo-nos, ainda, do disco comum, em cujas reentrâncias sutis permanecem os sons fixados para repetição à nossa vontade. Muita vez a mente obsidiada se assemelha à chapa de ebonite, arquivando ordens e avisos do obsessor (notadamente durante o sono habitual, quando liberamos os próprios reflexos, sem o controle da nossa consciência de limiar), ordens e avisos que a pessoa obsessa atende, de modo quase automático, qual o instrumento passivo da experiência magnética, no cumprimento de sugestões pós-hipnóticas.
Quanto mais nos rendamos a essa ou àquela idéia, no imo de nós mesmos, com maior força nos convertemos nela, a expressar-lhe os desígnios.
É assim que se formam estranhos desequilíbrios que, em muitas circunstâncias, concretizam moléstia e desalento, aflição e loucura, quando não plasmam a crueldade e a morte.
Toda obsessão começa pelo debuxo vago do pensamento alheio que nos visita, oculto.
Hoje é um pingo de sombra, amanhã linha firme, para, depois, fazer-se um painel vigoroso, do qual assimilamos apelos infelizes que nos aprisionam em turbilhões de trevas.
Urge, pois, que saibamos fugir, desassombrados, aos enganos da inércia, porque o espelho ocioso de nossa vida em sombra pode ser longamente viciado e detido pelas forças do mal que, em nos vampirizando, estendem sobre os outros as teias infernais da miséria e do crime.
Dar novo pasto à mente pelo estudo que eleve e consagrar-se em paz ao serviço incessante é a fórmula ideal para libertar-se de todas as algemas, pois que, na aquisição de bênçãos para o espírito e no auxílio espontâneo à vida que nos cerca, refletiremos sempre a Esfera Superior, avançando, por fim, da cegueira mental para a divina luz da Divina Visão.
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"São mais de 40 anos dedicados a pesquisa como escritor, filósofo e atuação na Federação Espírita. Todo o conhecimento produzido nesse período está à disposição de todos neste site".