FOTOGRAFIA E TELEGRAFIA DO PENSAMENTO
PHOTOGRAPHY AND TELEGRAPHY OF THE THOUGHT
Livro: OBRAS PÓSTUMAS
ALLAN KARDEC
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FOTOGRAFIA E DA TELEGRAFIA DO PENSAMENTO
É fato incontestável a ação fisiológica de indivíduo a indivíduo, com ou sem contato. Semelhante ação evidentemente só pode ser exercida por um agente intermediário, do qual são reservatório o nosso corpo, os nossos olhos e os nossos dedos, principais órgãos de emissão e de direção. Esse agente invisível é necessariamente um fluido. Quais a sua natureza e a sua essência? Quais as suas propriedades íntimas? Será um fluido especial, ou uma modificação da eletricidade, ou de algum outro fluido conhecido? Não será antes o a que hoje damos o nome de fluido cósmico, quando se acha esparso na atmosfera, e fluido perispirítico, quando individualizado?
Esta questão, aliás, é secundária. O fluido perispirítico é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calórico. É-nos invisível, no nosso estado normal, e somente por seus efeitos se revela. Torna-se, porém, visível a quem se ache no estado de sonambulismo lúcido e, mesmo, no estado de vigília, às pessoas dotadas de dupla vista. No estado de emissão, ele se apresenta sob a forma de feixes luminosos, muito semelhante à luz elétrica difundida no vácuo. A isso, em suma, se limita a sua analogia com este último fluido, porquanto não produz, pelo menos ostensivamente, nenhum dos fenômenos físicos que conhecemos. No estado ordinário, denota matizes diversos, conforme os indivíduos que o emitem: ora vermelho fraco, ora azulado, ou acinzentado, qual ligeira bruma. As mais das vezes, espalha sobre os corpos circunjacentes uma coloração amarelada, mais ou menos forte.
Sobre essa questão, são idênticos os relatos dos sonâmbulos e dos videntes. Teremos ainda ocasião de tratar disso, quando falarmos das qualidades que ao fluido imprimem o móvel que o põe em movimento e o adiantamento do indivíduo que o emite.
Nenhum corpo lhe opõe obstáculo; ele os penetra e atravessa todos. Até agora nenhum se conhece que seja capaz de o isolar. Somente a vontade lhe pode ampliar ou restringir a ação. A vontade, com efeito, é o seu mais poderoso princípio. Pela vontade, dirigem-se lhe os eflúvios através do espaço, saturam-se dele alguns objetos, ou faz-se que ele se retire dos lugares onde superabunda.
Digamos, de passagem, que é neste princípio que se funda a força magnética. Parece, enfim, que ele é o veículo da vista psíquica, como o fluido luminoso o é da vista ordinária. (O problema da fotografia do pensamento está novamente na ordem do dia das investigações científicas. Experiências recentes realizadas nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Rússia mostram que Kardec tinha razão ao tratar deste assunto, sobre o qual, como vemos pelo título deste trabalho, pretendia realizar estudos mais profundos. As pesquisas atuais do Prof. Eisenbud com o médium Ted Serios, nos Estados Unidos, demonstraram cientificamente a possibilidade de fotografar-se o pensamento, e mais do que isso, obter-se, por esse meio, informações de locais de acontecimentos que ocorrem à distância. A fotografia do pensamento está assim ligada a outros tipos de fenômenos paranormais, incluindo a telegrafia do pensamento, de que trata Kardec neste livro e no O Livro dos Médiuns, além de suas referências a respeito no O Livro dos Espíritos. As pesquisas de Eisenbud foram objeto de curiosa reportagem publicada pela Revista Internacional de Espiritismo (Matão, 1970) e de conferências e exposição em programas de televisão do Canal 11, em São Paulo (1970) pelo Prof. Flávio Pereira. Há um curioso livro do Prof. Imoda, italiano, intitulado Fotografias de Fantasmas, em colaboração com Richet e Fontenay, sobre experiências de ideoplastias realizadas com a médium Linda Gazzera. As ideoplastias, formas plásticas de pensamentos, constituem elementos valiosos para o estudo científico do processo pelo qual o pensamento (que não é físico) torna-se acessível às impressões físicas e pode impressionar o filme fotográfico. Nota de J. Herculano Pires).
O fluido cósmico, conquanto emane de uma fonte universal, se individualiza, por assim dizer, em cada ser e adquire propriedades características, que permitem distingui-lo de todos os outros. Nem mesmo a morte apaga esses caracteres de individualização, que persistem por longos anos após a cessação da vida, coisa de que já temos podido convencer-nos.
Cada um de nós tem, pois, o seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta. É muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais. Achando-se o Espírito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiação ficar circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando a vontade, pode alcançar distâncias infinitas. A vontade como que dilata o fluido, do mesmo modo que o calor dilata os gases.
As diferentes atmosferas individuais se entrecruzam e misturam, sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas sonoras que se conservam distintas, a despeito da imensidade de sons que simultaneamente abalam o ar. Pode-se, por conseguinte, dizer que cada indivíduo é centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em relação com a força da vontade, do mesmo modo que cada ponto vibrante é centro de uma onda sonora, cuja extensão está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa de vibração do ar e propulsora das ondas sonoras.
Das qualidades peculiares a cada fluido resulta uma espécie de harmonia ou desacordo entre eles, uma tendência a se unirem ou evitarem, uma atração ou repulsão, numa palavra: as simpatias ou antipatias que se experimentam, muitas vezes sem manifestas causas determinantes.
Se nos colocamos na esfera de atividade de um indivíduo, a sua presença não raro se nos revela pela impressão agradável ou desagradável que nos produz o seu fluido. Se estamos entre pessoas de cujos sentimentos não partilhamos, cujos fluidos não se harmonizam com os nossos, penosa reação entra a oprimir-nos e sentimo-nos ali como nota dissonante num concerto! Se, ao contrário, muitos indivíduos se acham reunidos em comunhão de vistas e de intenções, os sentimentos de cada um se exaltam na proporção mesma da massa das forças atuantes.
Quem não conhece a força de arrastamento que domina as aglomerações onde há homogeneidade de pensamentos e de vontades? Ninguém pode imaginar a quantas influências estamos assim submetidos, à nossa revelia. Não podem essas influências ser a causa determinante de certas idéias, dessas idéias que em dado momento se nos tornam comuns e a outras pessoas, desses pressentimentos que nos levam a dizer: paira alguma coisa no ar, pressagiando tal ou tal acontecimento? Enfim, certas sensações indefiníveis de bem-estar ou de mal-estar moral, de alegria ou tristeza, não serão efeitos da reação do meio fluídico em que nos encontramos, dos eflúvios simpáticos ou antipáticos que recebemos e que nos envolvem como as emanações de um corpo odorífico?
Não podemos pronunciar-nos afirmativamente, de modo absoluto, sobre essas questões, mas é forçoso convir, pelo menos, em que a teoria do fluido cósmico, individualizado em cada ser sob o nome de fluido perispirítico, abre um campo inteiramente novo para a solução de uma imensidade de problemas até agora insolúveis. Em seu movimento de translação, cada um de nós leva consigo a sua atmosfera fluídica, como o caracol leva a sua concha; esse fluido, porém, deixa vestígios da sua passagem; deixa um como sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos, no estado de vigília, mas que serve para que os sonâmbulos, os videntes e os Espíritos desencarnados reconstituam os fatos ocorridos e examinem os móveis que os ocasionaram. Toda ação física ou moral, patente ou oculta, de um ser sobre si mesmo, ou sobre outro, pressupõe, de um lado, uma força atuante e, de outro, uma sensibilidade passiva. Em todas as coisas, duas forças iguais se neutralizam e a fraqueza cede à força. Ora, não sendo todos os homens dotados da mesma energia fluídica, ou, por outra, não tendo o fluido perispirítico, em todos, a mesma potência ativa, explicado fica por que, nuns, essa potência é quase irresistível, ao passo que, noutros, é nula; por que algumas pessoas são muito acessíveis à sua ação, enquanto que outras lhe são refratárias. Essa superioridade e essa inferioridade relativas dependem evidentemente do organismo; mas, fora erro acreditar-se que estão na razão direta da força ou da fraqueza física.
A experiência prova que os homens mais robustos às vezes sofrem as influências fluídicas mais facilmente do que outros de constituição muito mais delicada, ao passo que com frequência se descobrem entre estes últimos uma força que a frágil aparência deles não permitiria se suspeitasse. De muitas formas se pode explicar essa diversidade no modo de agir. O poder fluídico aplicado à ação recíproca dos homens uns sobre os outros, isto é, ao Magnetismo, pode depender:
1º da quantidade de fluido que cada um possua;
2º da natureza intrínseca do fluido de cada um, abstração feita
da quantidade;
3º do grau de energia da força impulsiva; porventura, até, dessas três causas reunidas.
Na primeira hipótese, aquele que tem mais fluido dá-lo-ia ao que tem menos, recebendo-o deste em menor quantidade. Haveria nesse caso analogia perfeita com a permuta de calórico entre dois corpos que se colocam em equilíbrio de temperatura.
Qualquer que seja a causa daquela diferença, podemos aperceber- nos do efeito que ela produz, imaginando três pessoas cujo poder representaremos pelos números 10, 5 e 1. O 10 agirá sobre o 5 e sobre o 1, porém mais energicamente sobre o 1 do que sobre o 5; este atuará sobre o 1 mas será impotente para atuar sobre o 10; o 1, finalmente, não atuará sobre nenhum dos dois outros. Será essa talvez a razão por que certos pacientes são sensíveis à ação de tal magnetizador e insensíveis à de tal outro.
Pode-se também, até certo ponto, explicar esse fenômeno, apoiado nas considerações precedentes. Dissemos, com efeito, que os fluidos individuais são simpáticos ou antipáticos, uns com relação aos outros. Ora, não poderia dar-se que a ação recíproca de dois indivíduos estivesse na razão da simpatia dos fluidos, isto é, da tendência destes a se confundirem por uma espécie de harmonia, como as ondas sonoras produzidas pelos corpos vibrantes? Indubitavelmente essa harmonia ou simpatia dos fluidos é uma condição, ainda que não indispensável em absoluto, pelo menos muito preponderante, e quando há desacordo ou antipatia, a ação não pode deixar de ser fraca, ou, até, nula.
Este sistema explica bem as condições prévias da ação; mas, não diz de que lado está a força e, admitindo-o, somos forçados a recorrer à nossa primeira suposição. Em suma, que o fenômeno se dê por uma ou outra dessas causas, isso não leva a nenhuma conseqüência. O fato existe; é o essencial. Os da luz se explicam igualmente pela teoria da emissão e pela das ondulações; os da eletricidade, pelos fluidos positivo e negativo, vítreo e resinoso.
Em próximo estudo, apoiando-nos nas considerações que temos expendido, procuraremos definir o que entendemos por fotografia e telegrafia do pensamento.
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FOTOGRAFIA E TELEGRAFIA DO PENSAMENTO
A fotografia e a telegrafia do pensamento são questões até agora pouco explanadas. Como todas as que não apresentam ligação com as leis que, por sua essência, devem ser universalmente difundidas, foram relegadas para segundo plano, não obstante serem de capital importância e poderem os elementos que elas contêm concorrer para a elucidação de muitos problemas que ainda se acham sem solução.
Quando um artista de talento executa um quadro, obra magistral a que consagrou todo o gênio que progressivamente adquiriu, dá primeiramente os traços gerais, de sorte que se compreenda, desde o esboço, todo o partido que espera tirar dali. Só depois de haver elaborado minuciosamente o seu plano geral é que entra nas minúcias; e, embora a este último trabalho deva, talvez, dispensar maiores cuidados do que àquele outro, tal não lhe seria possível, se não houvera esboçado antes o seu quadro. O mesmo sucede em Espiritismo.
As leis fundamentais, os princípios gerais, cujas raízes existem no espírito de todo ser criado, foram elaborados desde a origem. Todas as outras questões, quaisquer que sejam, dependem das primeiras. Por isso é que, durante certo tempo, forçoso se torna pôr de lado o estudo dessas questões.
Com efeito, poder-se-ia logicamente falar de fotografia e de telegrafia do pensamento, antes de estar demonstrada a existência da alma que manobra os elementos fluídicos e a dos fluidos que permitem se estabeleçam relações entre duas almas distintas? Ainda hoje, talvez, mal começamos a estar suficientemente esclarecidos para a elaboração de tão vastos problemas! Entretanto, não se acharão deslocadas aqui algumas considerações de natureza a preparar as bases para um estudo mais completo.
Limitado em suas idéias e aspirações, tendo circunscritos os seus horizontes, o homem precisa concretar todas as coisas e pôr lhes etiquetas, a fim de guardar delas apreciável lembrança e basear seus futuros estudos nos dados que haja reunido. Pelo sentido da vista foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu muitos objetos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam no íntimo do ser, fixou na inteligência a quintessência deles por meio do fenômeno da memória. Ora, que é a memória, senão um espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as idéias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos capitais. De alguns fatos o indivíduo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum.
A memória é como um livro! Aquele em que lemos algumas passagens facilmente no-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas têm que ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura. Em geral, os encarnados que o cercam nada veem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas, os Espíritos o veem e folheiam conosco. Em dadas circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa, ou perturbá-la.
O que se produz de um encarnado para um desencarnado também se verifica do desencarnado para o vidente. Quando se evoca a lembrança de certos fatos da existência de um Espírito, apresenta-se-lhe a fotografia desses fatos; e o vidente, cuja situação espiritual é análoga à do Espírito livre, vê como ele e, até, em determinadas circunstâncias, vê o que o Espírito não vê por si mesmo, tal como um desencarnado pode folhear a memória de um encarnado, sem que este tenha disso consciência e lembrar-lhe fatos de há muito esquecidos. Quanto aos pensamentos abstratos, por isso mesmo que existem, tomam corpo para impressionar o cérebro; têm de agir naturalmente sobre este e, de certo modo, gravar-se nele. Ainda neste caso, como no primeiro, parece perfeita a semelhança entre os fatos da terra e os do espaço.
Já tendo sido o fenômeno da fotografia do pensamento objeto de algumas reflexões nossas na Revista, para maior clareza reproduziremos alguns trechos do artigo em que o assunto foi tratado e que completaremos com outras observações novas.
Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos traz o som.
Pode-se, pois, dizer, com verdade, que há ondas nos fluidos e radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar, ondas e radiações sonoras. Ainda mais; criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou, então, como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se.
Se um homem, por exemplo, tiver a idéia de matar alguém, embora seu corpo material se conserve impassível, seu corpo fluídico é acionado por essa idéia e a reproduz com todos os matizes. Ele executa fluidicamente o gesto, o ato que o indivíduo premeditou. Seu pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira se desenha, como num quadro, tal qual lhe está na mente. É assim que os mais secretos movimentos da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos corporais. Estes veem as impressões interiores que se refletem nos traços fisionômicos: a cólera, a alegria, a tristeza; a alma, porém, vê nos traços da alma os pensamentos que não se exteriorizam.
Entretanto, se, vendo a intenção, pode a alma pressentir a execução do ato que lhe será a conseqüência, não pode, contudo, determinar o momento em que ele será executado, nem lhe precisar os pormenores, nem mesmo afirmar que ele se realize, porque ulteriores circunstâncias podem modificar os planos concebidos e mudar as disposições. Ela não pode ver o que ainda não está no pensamento; o que vê é a preocupação ocasional ou habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, suas intenções boas ou más. Daí os erros nas previsões de alguns videntes.
Quando um acontecimento está subordinado ao livre-arbítrio de um homem, eles apenas podem pressentir lhe a probabilidade, de acordo com o pensamento que veem; mas, não podem afirmar que se dará de tal forma, ou em tal momento. A maior ou menor exatidão nas previsões depende, além disso, da extensão e da clareza da vista psíquica. Nalguns indivíduos, desencarnados ou encarnados, limita-se a um ponto ou é difusa, ao passo que noutros é nítida e abrange todo o conjunto dos pensamentos e das vontades que hajam de concorrer para a realização de um fato. Mas, acima de tudo, há sempre a vontade superior que pode, em sua sabedoria, permitir uma revelação ou impedi-la. Neste último caso, um véu impenetrável é lançado sobre a mais perspicaz vista psíquica. (Veja, em A Gênese, o capítulo sobre a Presciência.)
A teoria das criações fluídicas e, por conseguinte, da fotografia do pensamento, é uma conquista do moderno Espiritismo e pode, doravante, considerar-se como firmada em princípio, ressalvadas as aplicações de minúcias, que hão de resultar da observação. Este fenômeno é incontestavelmente a origem das visões fantásticas e desempenha grande papel em certos sonhos.
Quem na Terra sabe de que maneira se estabeleceram os primeiros meios de comunicação do pensamento? Como foram inventados ou, antes, descobertos, dado que nada se inventa, pois que tudo existe em estado latente, cabendo aos homens apenas os meios de pôr em ação as forças que a Natureza lhes oferece?
Quem sabe quanto tempo foi necessário para que os homens usassem da palavra de modo perfeitamente inteligível?
Aquele que soltou o primeiro grito inarticulado tinha sem dúvida uma certa consciência do que queria exprimir, mas os a quem ele se dirigiu nada a princípio compreenderam. Só ao cabo de longo lapso de tempo se verificou a existência de palavras convencionadas, depois a de frases abreviadas e, por fim, discursos inteiros.
Quantos milhares de anos não foram necessários para que a Humanidade chegasse ao ponto em que hoje se encontra! Cada progresso nos modos de comunicação, nas relações entre os homens, foi sempre assinalado por uma melhora no estado social dos seres. À medida que as relações de indivíduo a indivíduo se tornam mais estreitas, mais regulares, a necessidade se faz sentir de uma nova e mais rápida forma de linguagem, mais apropriada a pôr os homens em comunicação instantânea e universalmente uns com os outros.
Por que não teria cabimento no mundo moral, de encarnado a encarnado, por meio da telegrafia humana, o que ocorre no mundo físico, por meio da telegrafia elétrica? Por que as relações ocultas que ligam, de maneira mais ou menos consciente, os pensamentos dos homens e dos Espíritos, por meio da telegrafia espiritual, não se generalizariam entre os homens, de modo consciente?
A telegrafia humana! Aí está uma coisa de molde certamente a provocar o riso dos que se negam a admitir o que não caia sob os sentidos materiais. Mas, que importam as zombarias dos presunçosos? As suas negações, por mais que eles as multipliquem, não obstarão a que as leis naturais sigam seu curso, nem a que se encontrem novas aplicações dessas leis, à medida que a inteligência humana se ache em estado de lhes experimentar os efeitos.
O homem exerce ação direta sobre as coisas, assim como sobre as pessoas que o cercam. Frequentemente, uma pessoa de quem se faz pouco caso a exerce decisiva sobre outras de reputação muito superior. Isto decorre de que na Terra se veem muito mais máscaras do que semblantes e de que aí o olhar tem a obscurecê-lo a vaidade, o interesse pessoal e todas as paixões más. A experiência demonstra que se pode atuar sobre o espírito dos homens, à revelia deles.
Um pensamento superior, fortemente pensado, permita-se nos a expressão, pode, pois, conforme a sua força e a sua elevação, tocar de perto ou de longe homens que nenhuma idéia fazem da maneira por que ele lhes chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite não faz idéia do efeito produzido pela sua emissão. É esse um jogo constante das inteligências humanas e da ação recíproca de umas sobre as outras. Juntai-lhe a das inteligências dos desencarnados e imaginai, se o conseguirdes, o poder incalculável dessa força composta de tantas forças reunidas.
Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal.
Pela telegrafia do pensamento, ele apreciará em todo o seu valor a lei da solidariedade, ponderando que não há um pensamento, seja criminoso, seja virtuoso, ou de outro gênero, que não tenha ação real sobre o conjunto dos pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egoísmo o levava a desconhecer as conseqüências, para outrem, de um pensamento perverso, pessoalmente seu, por esse mesmo egoísmo ele se verá induzido a ter bons pensamentos, para elevar o nível moral da generalidade das criaturas, atentando nas conseqüências que sobre si mesmo produziria um mau pensamento de outrem.
Que serão, senão conseqüência da telegrafia do pensamento, esses choques misteriosos que nos advertem da alegria ou do sofrimento de um ente caro, que se acha longe de nós? Não é a um fenômeno do mesmo gênero que devemos os sentimentos de simpatia ou de repulsão que nos arrastam para certos Espíritos e nos afastam de outros?
Há nisto certamente um campo imenso aberto à observação, mas de que ainda não temos senão o esboço; o estudo dos pormenores será a conseqüência de um conhecimento mais completo das leis que regem a ação dos fluidos entre uns e outros. (Temos aqui um exemplo da maneira porque Allan Kardec, graças à sua compreensão global dos problemas, passava facilmente da teoria à prática, dando aplicação moral às suas conclusões científicas. Da técnica da fotografia do pensamento ele passa naturalmente, por necessidade lógica, sem nenhum esforço ou artifício, às conseqüências morais e espirituais das novas leis descobertas. Por outro lado, devemos observar a segurança de Kardec ao afirmar: “A teoria das criações fluídicas, e por conseguinte da fotografia do pensamento, é uma conquista do Espiritismo moderno e pode, de agora em diante, considerar-se estabelecida em princípio, salvo as aplicações de pormenores resultantes da observação”. Trechos como esse nos mostram que Kardec estava plenamente seguro do que afirmava, seguro de suas conquistas científicas no campo da investigação psíquica. Os que hoje o consideram superado, sem sequer se darem ao esforço de estudar as suas obras, têm aqui uma excelente oportunidade de reflexão a respeito da seriedade e da importância atual dos seus trabalhos. Nota de J. Herculano Pires.).
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INTRODUCTION TO THE STUDY OF THE PHOTOGRAPHY AND OF THE TELEGRAPHY OF THE THOUGHT
It is incontestable fact the physiological action of the individual to individual, with or without contact. Similar action obviously can only be exercised by an intermediary agent, of which are reservoir our body, our eyes and our fingers, principal organs of emission and of direction. This invisible agent is necessarily a fluid. Which are its nature and its essence? Which are its intimate properties? Will be it a special fluid, or a modification of the electricity, or of some other known fluid? Will not be, before, the fluid that today we give the name of cosmic fluid, when it finds sparse in the atmosphere, and perispiritic fluid, when individualized?
This question, etc., is secondary. The perispiritic fluid is imponderable, like the light, the electricity and the caloric. It is invisible to us in our normal state, and only by its effects is revealed. Becomes, however, visible to whom be in the state of lucid somnambulism and, even, in the waking state, to the persons endowed with double sight. In the state of emission, it presents itself in the form of light beams, very similar to the electric light diffused in a vacuum. To this, in short, is limited to its analogy with this latter fluid, since it does not produce, at least ostensibly, none of the physical phenomena that we know. In the ordinary state, denoting different nuances, according to the individuals who emit it: sometimes weak red, sometimes blued, or greyish, like slight mist. The most often, spreads over the bodies circumjacent a yellowish coloration, more or less strong.
About this question, the reports of the sleepwalkers and of the seers are identical. We will have occasion to deal with it when we talk of the qualities that at the fluid impress the movable that puts it in motion and the advancement of the individual who emits it.
No one body opposes obstacle to it; it penetrates them and traverses all. Until now, no one is known that be able to isolate it. Only the will can enlarge or restrict its action. The will, in effect, is its most powerful principle. By the will, are directed its effluvia through the space, are saturated from it some objects, or makes that the fluid removes itself of the places where super abounds.
Let us say, in passing, that it is on this principle that is based the magnetic force. It seems, finally, that it is the vehicle of the psychic view, as the luminous fluid it is of the ordinary view.
(The problem of the photography of the thought is again on the agenda of the scientific researches. Recent experiments conducted in the United States, England and Russia show that Kardec was right to deal with this matter, on which, as we see by the title of this work, intended to realize deeper studies. The current researches of the Prof. Eisenbud with the medium Ted Serious, in USA, demonstrated scientifically the possibility of photographing the thought, and more than that, to obtain, by this means, information of locals of events that occur in the distance. The photography of the thought is thus linked to other types of paranormal phenomena, including the telegraphy of the thought of what treats Kardec in this book and in The Book of the Mediums, besides their references about in The Spirits’ Book. The researches of Eisenbud were object of curious report published by the International Revue of Spiritualism (Matão, 1970) and of conferences and exposition in television shows from Channel 11, in São Paulo (1970) by Prof. Flávio Pereira. There is a curious book of Prof. Imoda, Italian, entitled Photographies of Ghosts, in collaboration with Richet and Fontenay of experiments on ideoplastias realized with the medium Linda Gazzera. The ideoplastias, plastic forms of thoughts, are valuable elements for the scientific study of the process by which the thought (that is not physical) becomes accessible to the physical impressions and can impress the photographic film. J. Herculano Pires note).
The cosmic fluid, while emanates from a universal source, is individualized, so to speak, in each being and acquires properties characteristic, which permit distinguish it from all the others. Not even death deletes these characters of individualization, that persist for many years after the cessation of the life, something of what we have already been able to convince us.
Each of us has, therefore, the own fluid, which surrounds and accompanies us on all the movements, such as the atmosphere accompanies each planet. It is very variable the extent of the irradiation of these individual atmospheres. Finding the Spirit himself in a state of absolute rest, this radiation can be confined within the limits of a few steps; but, acting the will, can achieve infinite distances. The will seems to dilate the fluid in the same manner as the heat expands the gases.
The different individual atmospheres intersect itselves and mix without ever being confused, just like the sound waves that are conserved distinct, despite the immensity of sounds that simultaneously shake the air. One can, therefore, say that each individual is the center of a fluidic wave, which extension is in relation with the force of the will, in the same manner that each vibrating point is the center of a sound wave, which extension is in the reason propellant of the fluid, such as the shock is the cause of the vibration of the air and propellant of the sound waves.
The peculiar qualities of each fluid results in a kind of harmony or discord between them, a tendency to join or avoid, an attraction or repulsion, in a word, the sympathies or antipathies that experience, often without obvious determinant causes.
If we place ourselves in the sphere of activity of an individual, his presence often is revealed by the pleasant or unpleasant impression that produces us his fluid. If we are among people whose feelings we do not share, whose fluids do not harmonize with the ours, painful reaction comes to oppress us and we feel there as discordant note in a concert! If, on the contrary, many individuals find themselves together in a communion of views and intentions, the feelings of each one are exalted in the same proportion of the mass of the active forces.
Who does not know the force of dragging that dominates the agglomerations where there are homogeneity of thoughts and desires? No one can imagine to how many influences we are, so, submitted, contrary to our will. Cannot be these influences the determining cause of certain ideas, of these ideas that in a given moment become common to us and to others persons, of these presentiments that lead us to say: there is something in the air, presaging this or that event? Finally, certain indefinable sensations of well-being, or of moral discomfort, of joy or sorrow, will not be the effect of the reaction of the fluidic ambient in which we find ourselves, of the sympathetic or unsympathetic effluvia that we receive and that involve us as the emanations of a body with good or bad smell?
We cannot speak ourselves affirmatively, in an absolute manner, on these questions, but we must agree, at least in that the theory of the cosmic fluid, individualized in each being under the name of perispiritic fluid, opens up a field entirely new for the solution of a multitude of problems until now insoluble. In its translational movement, each of us carries our fluidic atmosphere, as the snail carries its shell; but this fluid leaves traces of its passage; leaves like a luminous sulcus, inaccessible to our senses, in the waking state, but that serves to the sleepwalkers, the seers and the disincarnated spirits reconstitute the events occurred and examine the mobile that caused them. Every physical or moral action, patent or hidden, of a being over himself, or over another, presupposes, on the one hand, an active force and on the other, a passive sensibility. In all things, two equal forces are neutralized and the weakness is won by the force. However, not being all the men endowed with the same fluidic energy, or, by other, not having the perispiritic fluid, on all, the same active potency, explained becomes why in some, that potency is almost irresistible, whereas in others , is nil; why some people are very accessible to its action, while that others are refractory to it. These relatives superiority and inferiority depend, obviously, of the organism; but, it was an error to believe that they are in the direct reason of the force or of the physical weakness.
The experience proves that the most robust men, sometimes, suffer the fluidics influences more easily than others of much more delicate constitution, while, frequently, are discovered among the latters a force that their fragile appearance would not allow was suspected. Of many forms can one explain this diversity in the mode of acting. The fluidic power applied to the reciprocal action of the men one over the others, that is, to the Magnetism, may depend on:
1 - of the quantity of fluid that each one possess;
2 - of the intrinsic nature of the fluid of each one, abstraction made of the quantity;
3 - of the degree of the energy of the impulsive force; possibly, until, of these three causes reunited.
In the first hypothesis, the one who has more fluid would give it to the other who has less, receiving the fluid of this one in lesser amount. In this case would be perfect analogy with the exchange of caloric between two bodies that stand itselves in equilibrium of temperature.
Whatever be the cause of that difference, we can perceive ourselves of the effect that it produces, imagining three people whose power we will represent by the numbers 10, 5 and 1. The 10 will act on the 5 and on the 1, but more energetically on the 1 than on the 5; this will act on the 1 but will be impotent to act on the 10; the 1, finally, will not act on no one of the others two. Will be this, perhaps, the reason why certain patients are sensible to the action of determined magnetizer and insensible to the action of other.
One can also, until certain point, to explain this phenomenon, supported in the precedent considerations. We have said, in fact, that the individual fluids are sympathetic or antipathetic, ones with relation to others. Well, could it not occur that the reciprocal action of two individuals were on the reason of the sympathy of the fluids, ie, of the tendency of these to confound by a kind of harmony, like the sound waves produced by the vibrating bodies? Undoubtedly this harmony or sympathy of the fluids is a condition, although not indispensable in absolute, at all, at least very preponderant, and when there is discordance or antipathy, the action may be weak, or even nil.
This system explains well the preconditions of the action; but does not say of which side is the force and, admitting it, we are forced to recourse to our first supposition. In short, that the phenomenon be given for one or another of these causes, it does not lead us to any consequence. The fact exists; is the essential. Those of the light are also explained by the theory of the emission and by the undulations; those of the electricity, by the positive and negative fluids, vitreous and resinous.
In the next study, supporting on the considerations that we have outlined above, will seek to define what we understand by photography and telegraphy of the thought.
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PHOTOGRAPHY AND TELEGRAPHY OF THE THOUGHT
The photography and the telegraphy of the thought are questions until now little esplanades. Like all those that have no connection with the laws which, in essence, should be universally diffused, were relegated to the second plane, despite being of capital importance and could the elements that they contain contribute to the elucidation of many problems that still find unsolved.
When a talented artist performs a frame, magisterial work at which dedicated all the genius that progressively acquired, first gives the general traces, so that be understood since the draft, all the party that hopes to take of it. Only after having meticulously prepared his general plan is that comes in the details; and, although to this latter work should, perhaps, dispense more care than to that other, so it would not be possible, if there had not outlined before his picture. The same applies to the Spiritism.
The fundamental laws, the general principles, whose roots exist in the spirit of every created being, were elaborated since the origin. All the other questions, whatever they are, depend of the firsts. That is why, for a certain time, it must be put aside the study of these questions.
With effect, could we talk, logically, of photography and telegraphy of the thought, before be demonstrated the existence of the soul that maneuvers the fluidic elements and of the fluids that allow that are established relations between two distinct souls? Still today, perhaps, we just begin to be sufficiently clarified for the elaboration of such vast problems! However, will not be dislocated here some considerations in order to prepare the basis for a more complete study.
Limited in their ideas and aspirations, having circumscribed their horizons, the man must solidify all the things and put to them labels, in order to keep of them appreciable remembrance and base their future studies on the data that had collected. By the sense of the sight was that came to him the first notions of the knowledge. It was the image of an object that taught him the existence of this object. When he knew a lot of objects, took deductions from the different impressions that they produced him in the intimate of the being, fixed in the intelligence the quintessence of them by means of the phenomenon of the memory. Well, what is the memory, but a species of album more or less voluminous, which one consults in order to meet again the deleted ideas and reconstruct the events that were gone? This album has marks on capital points. Of some facts the individual immediately remembers; in order to remember of others, is necessary to consult through long time the album.
The memory is like a book! The one in which we read some passages easily presents to us in the eyes; the virgins leaves or rarely consulted must be read one by one, so that we can reconstruct a fact about which little we have delayed the attention. When the incarnated spirit remembers himself, his memory presents to him, in some way, the photography of the fact that he seeks. In general, the incarnated who surround him see nothing; the album is in a place inaccessible to the look of them; but, the Spirits see it and leaf with us. In given circumstances, may even, deliberately, help our research, or disturb it.
What is produced of an incarnated to a disincarnated also is verified of the disincarnated to the seer. When is evoked the remembrance of certain facts of the existence of a Spirit, is presented to him the photography of these facts; and the seer, whose spiritual situation is analogous to of the free Spirit, sees like him and, even, in certain circumstances, sees what the Spirit does not see by himself, such as a disincarnated can consult the memory of an incarnated, without that this has of it consciousness and remind him of events forgotten long ago. Regarding the abstract thoughts, so even though they exist, take corps in order to impress the brain; naturally have to act on this and, in some way, to record on it. Still in this case, as in the first, it seems perfect the similarity between the facts of the earth and of the space.
Having already been the phenomenon of photography of the thought object of some of our reflections in the Revue Spirite, for bigger clarity we will reproduce some excerpts from the article on which the matter was treated and that we will complete with other new observations.
The fluids being the vehicle of the thought, this acts on those like the sound acts on the air; they bring us the thought as the air brings the sound.
One can therefore say, with truth, that there are waves in the fluids and radiation of thought, that cross itselves without getting confused, as there is in the air, waves and sounds radiations. Even more ; creating fluidic images, the thought is reflected in the involucre perispiritic as in a mirror, or then, as these images of terrestrial objects that are reflected in the vapors of air forming here a body and, in a way, photographing itselves.
If a man, for example, has the idea of killing someone, though his material body is conserved impassive, his fluidic body is driven by this idea and reproduces it with all the nuances. He executes fluidly the gesture, the act that the individual premeditated. His thought creates the victim's image and the entire scene is outlined, as in a picture, as it is in his mind. This is how the most secret movements of the soul repercute in the fluidic involucre. This is how a soul can read in another soul like in a book and see what is not perceptible to the bodily eyes. These see the interior impressions that are reflected in the physiognomic traces: the cholera, the joy, the sorrow; the soul, however, sees in the traces of the soul the thoughts that are not exteriorized in.
However, if, seeing the intention, can the soul sense the execution of the act which will be the consequence, cannot, however, determine the moment in which it will be executed, nor specify the details, not even affirm that it is realized, because subsequent circumstances may modify the conceived plans and change the dispositions. She cannot see what is not yet in the thought; what she sees is occasional or habitual preoccupation of the individual, their desires, their projects, their good or bad intentions. From this the errors in the predictions of some seers.
When an event is subordinated to the free will of a man, the seers can just sense the probability of it, according to the thought that they see; but they cannot affirm that will happen in such a way, or in such moment. The greater or lesser accuracy in the predictions depends, furthermore, of the extension and clarity of the psychic sight. In some individuals, disincarnated or incarnated, is limited to one point or is diffuse, whereas in others it is clear and covers all the conjuncts of the thoughts and of the desires that have to concur for the realization of one fact. But, above all, there is always the superior will which can, in its wisdom, allow a revelation or prevent it. In this latter case, an impenetrable veil is thrown over the most powerful psychic sight. (See, in The Genesis, the chapter over the Prescience.)
The theory of the fluidic creations and, consequently, of the photography of the thought, is a conquest of the modern Spiritism and can, from now on be considered as firmed in principle, subject to the application of minutiae that will result from observation. This phenomenon is undoubtedly the source of the fantastic visions and performs great role in certain dreams.
Who on the Earth knows how were established the first means of communication of the thought? How were invented or, better, discovered, since that nothing is invented, because everything exists in a latent state, competing to the men only the means of putting into action the forces that the Nature offers them?
Who knows how long it was necessary for the men would use of the word of a way perfectly intelligible?
The one who manifested the first unarticulated cry had certainly some conscience of what he wanted to express, but to whom he addressed nothing at first understood. Only at the end of long period of time was verified the existence of conventional words, after that of abbreviated phrases and, finally, entire discourses.
How many thousands of years have not been necessary for humanity reached the point where it is today! Each progress in modes of communications, in the relations between the men, has always been marked by an improvement in the social status of the beings. As the relations of individual to individual become narrower, more regulars, the need is being felt of a new and faster form of language, more appropriate to put the men into instantaneous communication and universally ones with the others.
Why would not have pertinence in the moral world, of incarnated to incarnated, through human telegraphy, what happens in the physical world, through the electric telegraphy? Why the occult relations that link, of a manner more or less consciously, the thoughts of the men and of the Spirits, by means of the spiritual telegraphy, not be generalized among the men, of a conscious mode?
The human telegraphy! There is a thing of mold certainly to provoke laughter of those who refuse to admit what do not fall under the material senses. But what import the mockeries of the presumptuous? Their negations, however much they multiply, would not create any obstacle to that the natural laws take its course, nor if are found new applications of these laws, in the proportion that the human intelligence might be found in state of to experience its effects.
The man exerts direct action on the things, as well as on the people around him. Often, a person of whom is made little case, exerts action over others of much superior reputation. This is due to the fact that in the Earth are seen much more masks than semblants, and of what there the vision has to obscure the man the vanity, the personal interest and all the evil passions. The experience demonstrates that one can acts over the spirit of the men, even against their will.
A superior thought, strongly thoughtful, allow us the expression, can, therefore, in accordance with its strength and its elevation, to touch of near or of far men who have no idea of the manner how it comes to them, of the same manner that, many times, that one who emits it has no idea of the effect produced by its emission. This is a constant game of the human intelligences and of the reciprocal action of ones over the others. Join to it the intelligences of the disincarnates and imagine, if you can, the incalculable power of this force composed of so many forces reunited.
If one could suspect of the immense mechanism that the thought activates and of the effects that it produces from one individual to another, from one group of creatures to another group and, after all, of the universal action of the thoughts of the creatures ones over the others, the man would be astonished! Would feel himself annihilated before this multitude of details, before these numerous networks connected together by a powerful will and acting harmoniously in order to achieve one unique goal: the universal progress.
By the telegraphy of the thought, he will appreciate in all its value the law of solidarity, pondering that there is no one thought, be criminal, be virtuous, or of another genre, that has no real action over the conjunct of human thoughts and over each one of them. If the egoism took him to ignore the consequences, to other, of a perverse thought, personally his, by this same egoism he will induced to have good thoughts in order to elevate the moral level of the generality of the creatures, considering the consequences that over himself would produce a bad thought of other.
What will be, if not consequence of the telegraphy of the thought, these mysterious shocks that warn us of the joy or suffering of a dear one, which lies away from us? Is not it to a phenomenon of the same gender that we receive the feelings of sympathy or of repulsion that drag us for certain Spirits and distance us from others?
There is in it certainly an immense open field to the observation, but of what, yet, we have only the outline; the study of the details will be the consequence of a more complete knowledge of the laws that govern the action of the fluids between ones and others .
(Here we have an example of the manner in which Allan Kardec, thanks to his global understanding of the problems, easily passed from the theory to the practice, giving moral application to their scientific conclusions. From the technique of the photography of the thought he passes, naturally, by logical necessity, without no effort or artifice, to the moral and spiritual consequences of the new laws discovered. On the other hand, we must observe the security of Kardec in affirming: "The theory of the fluidic creations and, therefore, of the photography of the thought, is a conquest of the modern Spiritism and can, from now forward, be considered established in principle, taking in consideration the applications of details resulting of the observation." Excerpts like this show us that Kardec was fully sure of what affirmed, sure of their scientific conquests in the field of the psychic research. Those who today consider him overcome, without even giving to the effort of studying their works, have here an excellent opportunity of reflection about the seriousness and the current importance of their work. Note of J. Herculano Pires.).
