30/05/2015
ESPIRITISMO: INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE SOBRE AS CRIANÇAS
Esclarecimentos de Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns
Será inconveniente desenvolver a mediunidade das crianças?
— Certamente. E sustento que é muito perigoso. Porque esses organismos frágeis e delicados seriam muito abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim, os pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo menos só lhes falarão a respeito no tocante às conseqüências morais.
Mas há crianças que são médiuns naturais, seja de efeitos físicos, de escrita ou de visões. Haveria nesses casos o mesmo inconveniente?
— Não. Quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança, é que pertence à sua própria natureza e que a sua constituição é adequada.
Não se dá o mesmo quando a mediunidade é provocada e excitada. Observe-se que a criança que tem visões geralmente pouco se impressiona com isso. As visões lhe parecem muito naturais, de maneira que ela lhes dá pouca atenção e quase sempre as esquece. Mais tarde a lembrança lhe volta à memória e é facilmente explicada, se ela conhecer o Espiritismo.
Qual a idade em que se pode, sem inconveniente, praticar a mediunidade?
— Não há limite preciso na idade. Depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais particularmente do desenvolvimento psíquico. Há crianças de doze anos que seriam menos impressionadas que algumas pessoas já formadas. Refiro-me à mediunidade em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo. Quanto à escrita há outro inconveniente, que é a falta de experiência da criança, no caso de querer praticá-la sozinha ou fazer dela um brinquedo.
A prática do Espiritismo requer muito tato para se desfazer o embuste dos Espíritos mistificadores. Se homens feitos são por eles enganados, a infância e a juventude estão ainda mais expostas a isso, por sua inexperiência. Sabe-se também que o recolhimento é condição essencial para se tratar com Espíritos sérios. As evocações feitas levianamente ou por divertimento constituem verdadeira profanação, que abre a porta aos Espíritos zombeteiros ou malfazejos. Como não se pode esperar de uma criança a gravidade necessária a um ato semelhante, seria de temer que, entregue a si mesma, ela o transformasse em brinquedo. Mesmo nas condições mais favoráveis, é de se desejar que uma criança dotada de mediunidade só a exerça sob a vigilância de pessoas experimentadas, que lhe ensinarão, por exemplo, o respeito devido às almas dos que se foram deste mundo. Vê-se, pois, que o problema da idade está subordinado tanto às condições do desenvolvimento físico, quanto às do caráter ou amadurecimento moral. Entretanto, o que ressalta claramente das respostas acima é que não se deve forçar o desenvolvimento da faculdade mediúnica nas crianças, quando ela não se desenvolver de maneira espontânea, e que em todos os casos é necessário empregá-la somente com grande circunspecção, não se devendo jamais provocá-la ou encorajar o seu exercício
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